Vivemos numa sociedade ainda bastante machista, que o expressa tanto de forma individualizada quanto de forma institucional. Nesta semana, fomos surpreendidos com mais um triste episódio com registro de comportamentos e atitudes inaceitáveis pelo Delegado Titular da Delegacia Territorial (DT) de Iaçu-BA, que segundo a nota do SINDPOC-BA e das denúncias relatadas pela escrivã da Polícia Civil lotada naquela unidade policial, cometeu assédio moral e abuso de autoridade.
Este delegado, no intuito de obrigar a escrivã a realizar as atribuições que eram inerentes à sua função, a tratou com ameaça de remoção ilegal e imotivada. Como se não bastasse, a referida autoridade se portou de forma descortês com o representante do SINDPOC em visita àquela DT, tentando apurar e coibir tais condutas.
É lamentável que a violência de gênero ainda seja uma realidade intensa e constante, em pleno século XXI, no interior de muitas instituições policiais. Nesses espaços, ainda prevalecem o silenciamento de casos de assédios e discriminações. Segundo dados de pesquisas recentes no nosso País, cerca de 40% das mulheres policiais afirmam já terem sofrido assédio sexual ou moral em seu ambiente laboral.
Não podemos mais aceitar a naturalização do machismo e muito menos de instituições públicas machistas, pois essas violências precisam e devem ser combatidas e eliminadas, superando de uma vez, todas as formas de violência e desigualdade de gênero. Dessa forma, a firmeza no combate a qualquer tipo de assédio é tarefa de todos nós e de toda sociedade, principalmente dos espaços/instituições que tem dentre uma de suas funções investigar e combater todas as violências sofridas por uma mulher. Se estes ambientes não estão seguros para uma mulher policial, para quem ele estará?
Não aceitaremos que isso ocorra ou continue ocorrendo em nossa sociedade, muito menos nas corporações e, portanto, exigimos que estes sejam ambientes seguros a todas (os) as (os) policiais. A Diretoria da Associação de Docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz (ADUSC) repudia de forma veemente o ocorrido.
Ilhéus-BA, 25 de setembro de 2020.