“Ao final do inverno, quase todos os alemães estarão vacinados, curados ou mortos”. As duras palavras do ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, dão a dimensão do quão grave poderá ser a quarta onda da covid-19 na Europa.

As previsões da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o continente dão conta de que 700 mil pessoas poderão morrer da doença nos próximos meses. Após um ano e meio de crise, sabemos que o que preocupa os europeus hoje poderá ser vivido no Brasil em seguida.

Atualmente, em diversos países da Europa o número de casos tem batido recordes a cada dia, trazendo novamente a triste realidade de hospitais superlotados.

Mesmo com mais de 60% da população vacinada, países com enormes populações, como a Alemanha, já falam em uma pandemia dos “não vacinados”. Estes são 90% dos internados em unidades de saúde.

Há também países que possuem taxas de imunização baixíssimas. No leste europeu, principalmente, este índice varia de 37 a 22%. Isso significa que em países, como a Hungria, as mortes registradas nos últimos dias se equiparam ao pico da doença, em 2020.

Motivos

Há três principais motivos para o agravamento da pandemia na Europa. O fim precipitado do uso de máscaras, a taxa de vacinação desigual entre os países e a disseminação da variante delta (mais transmissível).

Assim como no Brasil, o componente negacionista também faz estragos além-mar. Grupos de extrema direita têm organizado protestos violentos contra a vacinação, o uso de máscaras e outras medidas de segurança como o lockdown.

Em contrapartida, os governos têm pensado em estratégias para “forçar” as pessoas se vacinarem. A obrigatoriedade da vacina e sanções econômicas e de locomoção são as mais comuns para aumentar o índice de imunizados.

E o Brasil?

Pelo fato da pandemia ter atingido a Europa antes do continente americano,  é possível prever o que irá acontecer no Brasil, olhando para o cenário enfrentado, hoje, pelos europeus.

Na quarta-feira (24), o país tem 61% de sua população totalmente imunizada. A marca está acima da média européia (54%). No entanto, parece que o Brasil também seguirá os passos arriscados da Europa.

O governo do estado de São Paulo anunciou que irá flexibilizar o uso de máscaras em ambientes abertos a partir de 11 de dezembro, mesmo sem atingir os parâmetros de segurança estabelecidos por sua própria secretaria de Saúde.

O mesmo decreto que abre mão do objeto de proteção contra o vírus entrou em vigor no Rio de Janeiro em outubro. Além disso, a proximidade das festas de final de ano, férias escolares e do Carnaval liga o alerta de especialistas.

Por sua área continental e desigualdade econômica o Brasil também convive com diferentes taxas de vacinação nos estados. Enquanto São Paulo tem 78% da população vacinada, Roraima registra apenas 28%.

Novas variantes

O cenário de muitas pessoas desprotegidas e caminho livre para a circulação do coronavírus foi o que propiciou novas variantes, como a P1, em Manaus, e a Delta, na Índia. Uma cepa diferente o vírus pode aumentar as hospitalizações e até mesmo driblar as vacinas.

Diante do cenário de insegurança cerca de 70 cidades do interior de São Paulo já cancelaram o Carnaval do ano que vem. Não obstante, na capital paulista as celebrações ainda estão previstas, o que levará a enormes aglomerações, trazendo condições ideais para a contaminação.

Foto: Testagem contra covid-19 na Letônia – Armin Janiks (Ministério da Defesa)
Via: CSP-Conlutas.