Na tarde deste domingo, 21 de janeiro, foram baleadas lideranças indígenas do povo Pataxó-hã-hã-hãe no município de Potiguará, no extremo sul da Bahia. Fazendeiros de um grupo autodenominado “invasão zero” se reuniram na ponte do Rio Pardo, zona rural do município onde está localizada a retomada do povo Pataxó-hã-hã-hãe do território Caramuru. Mesmo com a presença da PMBA, o grupo cercou e atacou os indígenas com tiros.
Durante o ataque três indígenas foram baleados, resultando no assassinato da majé Maria de Fátima Muniz, conhecida na comunidade como Nega Pataxó, além de mais dois feridos, um deles é o cacique Nailton Pataxó, uma das mais antigas e importantes lideranças do movimento indígena na Bahia e irmão de Maria Muniz. Houve ainda o espancamento de duas pessoas, com uma mulher tendo o braço fraturado e outros feridos que foram hospitalizados.
Na busca pela garantia dos direitos aos seus territórios -que na prática não têm sido assegurados mesmo determinado na Constituição de 1998 -, o povo Pataxó tem sido alvo constante de ataques e ameaças, sendo recorrente o assassinato de indígenas, como foi em 17 de janeiro do ano passado com os jovens Nauí Brito de Jesus e Samuel Cristiano do Amor Divino.
Mais uma vez, reafirmamos que é imprescindível a demarcação dos territórios Indígenas do Sul e Extremo Sul da Bahia, para que a vida de jovens e anciões não sejam ceifadas em atrocidades como estas. Manifestamos nossa solidariedade aos familiares de Maria Muniz e a todo o povo Pataxó, bem como repudiamos veementemente a perseguição e ataques violentos proferidos contra os indígenas em suas áreas de retomadas, principalmente quando estes ataques de algum modo tem a participação das forças militares do Governo do Estado da Bahia. Exigimos o acompanhamento do caso pelo Estado e a punição dos responsáveis pelos crimes.
Diretoria da ADUSC