Na última quarta-feira (27), a ADUSC realizou uma roda de conversa sobre a “Importância e Urgência da Participação Política das Mulheres”. O evento lançou o Grupo de Trabalho Políticas de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS), do ANDES-SN, fechando o mês de luta das mulheres.
Realizado no CEU, espaço histórico de resistência da comunidade acadêmica da UESC, a roda contou com participação de docentes, estudantes e técnicos da universidade. A discussão destacou as dificuldades que afastam as mulheres dos ambientes políticos, sobretudo quando essas mulheres são negras, indígenas e não héteros cis.
A mesa foi composta pelas professoras Carol Lima (1ª Secretária do ANDES-SN), Flávia Alessandra de Souza (DFCH-UESC), Diadiney Almeida (DFCH-UESC) e Nane Albuquerque (Vice-Presidenta da ADUSC), como mediadora.
“Esse é um momento especial para a ADUSC porque estamos retomando – agora de forma organizada – as discussões sobre as questões étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual, que são fundamentais para termos uma universidade mais inclusiva e democrática. Nossa intenção é, a cada mês, trazer uma roda de conversa com pessoas engajadas nessas lutas e que possam nos auxiliar no entendimento dessas questões para que possamos qualificar nossa intervenção política na universidade. É fundamental que nossos colegas percebam que essas não são questões menores, mas sim estruturantes da sociedade. E a ADUSC cumpre seu papel”, destacou Nane Albuquerque.
Docente da UNEB e hoje 1ª Secretária do ANDES-SN, Carol Lima relembrou as lutas recentes em defesa da permanência das professoras Jacyara Paiva e Êmy Virgínia:
“Professora Êmy Virgínia, primeira mulher travesti docente da Universidade Federal do Ceará, e professora Jacyara Paiva, dirigente sindical e militante do movimento negro, foram perseguidas e punidas por serem quem são. Porém nós conseguimos reverter as duas situações. Foi uma vitória da categoria, mas principalmente das mulheres negras. É difícil? É difícil! Mas se a gente não disputar, a gente não muda essa realidade”.
A professora Flávia Alessandra de Souza, do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESC, pontuou o protagonismo da luta racial no avanço das discussões sociais:
“As políticas interseccionais são fundamentais para a transformação social. Agora, o que é preciso dizer, é que o que hoje a gente entende como sendo interseccionalidade advém da luta primordial de mulheres negras, principalmente de mulheres que se movimentam como negras na sociedade, na perspectiva do feminismo negro”.
Por fim, Diadiney Almeida, também docente do DFCH, provocou o público a pensar sobre a invisibilidade dos povos indígenas na universidade:
“Quantas de nós estamos nos incomodando com a ausência de pessoas indígenas na universidade? Seja professoras, coordenadoras, gestoras, administradoras ou estudantes. Quantas de nós estamos sendo coniventes com esse silêncio, com esse apagamento, que a própria historiografia, que a própria política de estado endossou?”
O público presente também pôde contribuir no debate com perguntas e relatos das diversas dificuldades enfrentadas no ambiente acadêmico e político.
Após o sucesso no lançamento, o GTPCEGDS prepara para o próximo mês mais uma roda de conversa. Mais informações em breve.
Confira abaixo o álbum de fotos do evento:
Fotos: Blenda Cavalcante / Ascom ADUSC