Apesar dos bancos terem recebido do Banco Central em março R$ 1,2 trilhão adicionais para emprestar a pessoas e empresas, de março a maio eles apenas aumentaram as suas concessões de empréstimos em R$ 50,4 bilhões, em relação ao mesmo período de 2019. Ou seja, apesar de todo este volume adicional de recursos entregue pelo Banco Central, e apesar da crescente necessidade por mais financiamentos em um cenário de forte crise, nestes 3 meses os bancos mantiveram praticamente o mesmo patamar de financiamentos do ano passado, com um aumento de apenas 5,4%. Estes dados se encontram na Tabela 1 do arquivo disponibilizado no final de junho pelo Banco Central na página BCB.
Diversos foram os veículos que noticiaram a dificuldade das pequenas e médias empresas de conseguir acessar linhas de crédito para tentar evitar o fechamento das portas e demissão de funcionários.
Ao invés de obrigar os bancos a disponibilizar os recursos para quem precisa, o Banco Central ainda os estimula a dificultar os empréstimos, na medida em que acata o depósito voluntário da sobra de caixa dos bancos e os remunera diariamente, às custas da chamada dívida pública, cuja média de taxa de juros tem se mantido altíssima (cerca de 9% ao ano, em média, conforme o Relatório Mensal da Dívida do Tesouro Nacional).
Ainda no sentido de privilegiar os bancos, o governo chegou a criar o Fundo Garantidor de Operações (FGO), para destinar recursos públicos no sentido de garantir riscos das operações de crédito dos bancos. Dessa forma, os eventuais riscos de empréstimos são cobertos pelo Tesouro Nacional: uma verdadeira benesse com dinheiro público.