O Diretório Central de Estudantes Livre Carlos Marighella (DCE UESC) realizou na manhã desta quinta-feira (04) a mesa temática “60 Anos da Ditadura Militar”. A atividade contou com a presença da professora Aline Prado Atassio, doutora em Ciências Sociais, do professor Luiz Henrique Blume, doutor em História Social e membro da Comissão da Verdade do ANDES-SN, e da estudante Camila Silveira, Coordenadora Geral do DCE, como mediadora.
O espaço debateu o período pré-ditadura, o golpe empresarial-militar, seus impactos políticos, socioeconômicos e culturais e a necessidade de se fazer reparações.
“Pensar 1964 não é apenas pela memória, é porque a gente tem que fazer um processo de desconstrução dos mitos que foram criados. A punição se faz necessária para os militares que cometeram as atrocidades. Não podemos passar por cima disso mais uma vez. Nós tivemos oportunidades interessantes de fazer alterações tanto no ensino militar, como na forma que se trata os militares nesse país, e eu sinto que essa oportunidade tá sendo perdida, porque há uma complexidade na relação do presidente Lula com os militares”, destaca a professora Aline Atassio.
O professor Luiz Blume falou sobre uma das iniciativas da Comissão da Verdade do ANDES-SN, que é retirar as homenagens a militares, governantes e apoiadores do período da ditadura:
“Tivemos recentemente a retirada de títulos e placas dados por universidades que homenageavam líderes da ditadura. Na Comissão da Verdade do ANDES-SN temos, entre outras atividades, discutir o legado dessa memória que ainda está presente nas instituições de ensino. Uma das questões que apresentei na mesa hoje foi sobre o patrono da UESC, Soane Nazaré de Andrade, que foi um apoiador do regime militar e até os minutos finais da ditadura continuou pedindo que a Polícia Federal tomasse medidas para conter o movimento estudantil naquele período”.
Coordenadora do DCE, Camila Silveira pontuou o papel dos estudantes na redemocratização e como é fundamental rememorar a luta contra o regime militar:
“Um dos objetivos mais importantes da nossa gestão é apresentar para os estudantes da UESC a importância de um movimento estudantil organizado e nada mais demonstrativo que isso do que recordar a atuação ferrenha que o movimento estudantil desempenhou no enfrentamento direto à ditadura. Isso passa por dentro da nossa universidade, por exemplo, que não recobra sua própria memória, no sentido de avaliar e repensar o nome do nosso campus”.
Confira fotos do evento:
Fotos: Pablo Brandão / Ascom ADUSC