A greve dos caminhoneiros e a paralisação nacional dos petroleiros aprofunda a crise e desgasta ainda mais o governo Temer

 

 

Pedro Parente, presidente da Petrobras, apresentou na manhã desta sexta-feira (1°) sua carta de demissão ao presidente Michel Temer (MDB). A saída de Parente ocorre após a poderosa greve de caminhoneiros e as paralisações realizadas por petroleiros em todo o país na última quarta-feira (30).

 

Na carta apresentada informando sua demissão em caráter “irrevogável” e “irretratável”, Parente alega que a política de reajustes da Petrobras para os combustíveis foi questionada pela greve dos caminhoneiros, o que levou o governo a fazer concessões para o fim da paralisação. Prossegue afirmando que sua permanência no cargo deixou de ser “positiva”.

 

A notícia caiu como uma bomba no meio político. A saída do presidente da Petrobras foi uma das reivindicações que esteve presente em meio à greve dos caminhoneiros e, principalmente, da paralisação feita pelos petroleiros no último dia 30.

 

Na presidência da Petrobras, desde 2016, Parente estava à frente da política de venda de ativos e do avanço do processo de privatização da Petrobras, razão da atual política de reajustes dos combustíveis de acordo com as variações do mercado internacional. Tudo para favorecer os lucros dos acionistas da estatal, em sua maioria estrangeiros.

 

No último dia 29, o membro representante da Shell no Conselho Administração da Petrobras José Alberto de Paula Torres Lima também apresentou renúncia ao cargo. O conselheiro alegou razões pessoais.

 

Governo Temer está contra a parede. É hora de avançar a luta e derrotar ataques!

O conteúdo da carta revela que a política de Parente e Temer foram colocadas em xeque com as greves dos últimos dias. Depois da luta dos trabalhadores forçar Temer a fazer concessões aos caminhoneiros, agora cai Pedro Parente.

 

A greve dos caminhoneiros durou por 10 dias com muita força e parou o país, numa das maiores mobilizações da história da categoria. Já os petroleiros cruzaram os braços na quarta-feira (30) e realizaram paralisações na base de todos os sindicatos. Os protestos começaram ainda na semana passada, no dia 24, com vários cortes de rendição (suspensão da troca de turnos) em várias refinarias e unidades operacionais.

 

A mobilização previa 72 horas de greve e o governo, com a ajuda do Judiciário, fizeram de tudo para impedir a mobilização.

 

Nos dias que antecederam a greve, o Exército começou a montar acampamento dentro das refinarias numa nítida tentativa de intimidar os trabalhadores. Tropas se instalaram na REVAP (São José dos Campos/SP), REPLAN (Paulínia/ SP), REPAR (Araucária/ PR), REFAP (Canoas/RS), REDUC (Duque de Caxias/ RJ), RLAM (Mataripe/ BA).

 

No dia 29, a ministra do TST (Tribunal Superior do Trabalho) Maria de Assis Calsing declarou a greve como ilegal e abusiva, mesmo antes de começar. Arbitrariamente, a justiça a serviço dos interesses da empresa, criminalizou os sindicatos, estipulando uma multa de R$ 500 mil por dia, podendo chegar a até R$ 1,5 milhão. Com o início da greve, elevou a multa para R$ 2 milhões por dia, podendo chegar a R$ 6 milhões por dia.

 

Equivocadamente, a FUP (Federação Única dos Petroleiros), filiada à CUT, que dirige 13 dos 18 sindicatos da categoria, orientou a suspensão temporária da greve. Ainda assim, em bases como a Regap, em Betim/MG, os petroleiros passaram por cima da orientação da FUP e mantiveram a paralisação. Os sindicatos da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) no Rio de Janeiro e Sergipe mantiveram a mobilização por todo o dia de quinta-feira. Esses trabalhadores mostraram coragem e disposição em se rebelar contra a justiça burguesa e suas direções.

 

É preciso construir a Greve Geral! Fora Temer!

No momento em que o governo Temer e a Petrobras, com respaldo da justiça, ameaçam de retaliação os trabalhadores e os sindicatos, é preciso fortalecer a greve e conclamar a solidariedade de toda a classe trabalhadora e da população.

 

É preciso repudiar o uso dos militares nas refinarias da Petrobras, bem como a criminalização da greve pelo Judiciário. A greve petroleira foi suspensa temporariamente, mas a necessidade da greve geral ainda está colocada.

 

“A CSP-Conlutas reforça o chamado que fez às demais centrais sindicais: é hora de unificar as lutas e construir uma Greve Geral no país contra o aumento abusivo no preço dos combustíveis e do gás e cozinha, contra a privatização da Petrobras e para botar para fora Temer e todos os corruptos do Congresso para barrar todos os ataques à classe trabalhadora brasileira. A Petrobrás tem que ser 100% estatal e estar à serviço da maioria do povo, controlada pelos próprios trabalhadores”, afirma o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela.

Fonte: CSP-Conlutas

 

“Os trabalhadores estão em luta no país. São várias categorias se mobilizando contra os ataques dos governos e patrões. Em defesa dos seus direitos e reivindicações. Podemos e devemos unificar petroleiros, metalúrgicos, professores, servidores públicos, todos em luta, e construir uma forte Greve Geral para por pra fora Temer e todos os corruptos do Congresso que atacam nossos direitos”, concluiu.

 

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