O Brasil da pandemia do coronavírus nos deixa cada vez mais horrorizados. Aqui, temos um presidente que além da atitude genocida de não reconhecer a seriedade da doença, incentiva golpe militar e permite que principalmente a população mais empobrecida e a classe trabalhadora fiquem expostas à fome e ao vírus, ao não garantir a quarentena e condições de renda para enfrentar este período.
Como se isso não bastasse, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu o disparate que incitar invasões a unidades de saúde na quinta-feira (11) passada. Falou em live para que as pessoas entrassem nos hospitais públicos e fizessem filmagens para checar se os leitos de emergência estão livres ou ocupados. O presidente disse também que, se filmassem alguma anormalidade, as imagens deveriam ser enviadas ao governo federal, que seriam repassadas para a Polícia Federal ou para a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para investigação.
As palavras de Bolsonaro: “Tem um hospital de campanha perto de você, tem um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tá fazendo isso, mas mais gente tem que fazer, para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”.
Assim como inúmeras outras atitudes que ferem as liberdades democráticas, a ética e a própria defesa da saúde, o presidente comete mais um grave ataque aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, assim como aos pacientes.
A trabalhadora da saúde de Natal (RN) Rosália Fernandes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, criticou a atitude. “Incentivar a invasão de hospitais além de ser um ato de violência é um atentado à vida”.
A declaração do presidente incentivou, por exemplo, com que o deputado estadual aliado Capitão Alden (PSL) invadisse na tarde desta quarta-feira (17) o hospital de campanha Riverside, localizado em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, na Bahia. A unidade é dedicada ao tratamento de pacientes com coronavírus.
Segundo o governo baiano, Alden chegou acompanhado de seguranças e aparentava estar armado. “Ele, que é policial militar, também ameaçou dar voz de prisão aos funcionários”, consta em notícia no Painel da Folha de S. Paulo. De acordo com a matéria, um dos seguranças que acompanhavam Alden posicionou-se na porta de um dos quartos e teve acesso a uma paciente que estava com as partes íntimas expostas ao tomar banho em seu leito.
O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, denunciou a ação nas redes sociais. “A invasão do Hosp. de Campanha Riverside pelo Deputado PM Capitão Alden, ocorrida hoje, indigna toda a Bahia e traz vergonha ao parlamento e à corporação. Melhor se usasse de suas prerrogativas para ajudar a encontrar soluções para o quadro que vivemos”, repudiou Vilas Boas, que em outra postagem se solidarizou com os profissionais da categoria. “Nossos profissionais da saúde já estão sofrendo bastante para fazer o que podem para salvar vidas durante a pandemia e agora ainda têm de se preocupar com a própria integridade física durante o trabalho”.
Um dia após a live do presidente, um grupo de pessoas que seriam parentes de um paciente que faleceu na unidade, vítima do novo coronavírus, invadiu e depredou, o Hospital Ronaldo Gazolla, referência no tratamento da covid-19, no Rio de Janeiro. De acordo com notícia apurada pelo O Globo, uma mulher que integrava o grupo teria chutado portas, derrubado computadores e tentado invadir leitos de pacientes internados. “Eles gritavam, pelo quinto andar da unidade, que tinham direito de verificar os leitos, para ver se estavam mesmo ocupados”, consta a matéria.
É necessário lembrar que não permitida a entrada nas unidades de saúde sem autorização. Mesmo assim, Bolsonaro disse: “Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”.
O que fez Bolsonaro foi tão absurdo que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes declarou que estimular a invasão e invadir hospitais é crime. O procurador-geral da República, Augusto Aras, foi obrigado a se pronunciar diante de tantas manifestações de indignação pedindo em ofício enviado às unidades do Ministério Público nos estados que as tentativas de invasão em hospitais sejam investigadas.
Neste momento, é necessária a defesa do SUS (Sistema único de Saúde) e total solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde em todo o Brasil. Esses sim estão na linha de frente ao combate à covid-19 perdendo suas vidas para salvar as nossas.
Por isso, a melhor maneira de defender vidas, o SUS e os serviços públicos é exigir urgentemente Fora Bolsonaro e Mourão!
Via: CSP-Conlutas.