Em mais uma atitude genocida, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou o Ministério da Saúde a comprar lotes da vacina chinesa CoronaVac. O órgão havia anunciado na terça-feira (20) a intenção de adquirir 46 milhões de doses, mas foi barrado pelo presidente.
Bolsonaro declarou que “não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”.
Fazendo uso de hipocrisia, luta ideológica e interesses comerciais que lhe convém, ao mesmo tempo, o governo firma parceria para compra de lotes da Vacina de Oxford, que está na mesma fase de testes da CoronaVac. O acordo prevê a compra de lotes e transferência de tecnologia. A expectativa é para compra de 100 milhões de doses dessa medicação.
Outro fato que aponta para essa demagogia foi o governo ter gasto milhões em sua “milagrosa” cloroquina, mesmo sem comprovação de sua eficácia. Estudos apontam que o medicamento não funciona para o tratamento da doença.
De acordo com denúncia feita pela Repórter Brasil, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército gastou mais de R$ 1,5 milhão para ampliar, em 100 vezes, a produção de cloroquina no país. A medicação nunca foi comprovada como eficaz e hoje é descartada no tratamento contra a Covid 19.
Essa produção se tornou alvo de investigação no Tribunal de Contas da União, por suspeita de superfaturamento nas compras, além da participação do presidente Jair Bolsonaro em suposta má aplicação de recursos públicos, pois o medicamento não funciona.
Disputa ideológica
O presidente respondeu a seus apoiadores, que criticaram a intenção do Ministério da Saúde em comprar uma vacina vinda de um país considerado por eles uma ditadura, dizendo que a compra não será efetuada.
Bolsonaro também apoia a atuação do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que tem duras disputas políticas e econômicas com a China, e que chegou a chamar o coronavírus de “vírus chinês”, termo usado, inclusive, por bolsonaristas.
A disputa política em torno da CoronaVac também envolve o governador de São Paulo João Dória (PSDB), antes apoiador do governo, e que durante a pandemia, se tornou seu rival, por divergências circunstanciais e limitadas na condução do controle da doença. Dória não é santo, e também está pouco se lixando para a saúde da população, cuja cidade é o epicentro da pandemia no país. Fato é que, hoje, ambos se unificam com a política do “liberou geral”, seguida por demais governadores e prefeitos. São responsáveis, portanto, pelas mais de 150 mil mortes em nosso país.
“Em meio às retóricas demagógicas a tragédia aqui se repete. No início da pandemia, Bolsonaro negava a voracidade da “gripizinha” e, agora, depois de mais 150 mil mortos e mais de 5 milhões de infectados, o genocida trata de esbravejar o cancelamento de compra de uma vacina e ainda alardeia que ninguém será obrigado a tomá-la. Repugnante essa sanha negacionista, ainda mais vinda de um Presidente da República”, comenta Atnágoras Lopes, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
“Para defender a vida, contra essas atitudes criminosas, é preciso por para fora Bolsonaro e Mourão”, defende o dirigente.
Via: CSP-Conlutas.