O número de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão entre janeiro e setembro deste ano já supera a marca registrada em 2020. Foram 1105 pessoas libertadas nos nove primeiros meses de 2021, contra 936 no ano passado.
Os dados foram divulgados no início desta semana pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Foram realizadas 234 operações até o momento e 276 em 2020. 102 foram os estabelecimentos receberam autuação.
Liderando em número de casos de trabalho escravo está o estado de Minas Gerais. Ao todo, 420 pessoas foram resgatadas em 54 operações realizadas em solo mineiro. Os estados de São Paulo (135) e Goiás (102) completam os três primeiros lugares deste triste ranking.
Dois terços das ocorrências (67%) foram registradas o meio rural, com 743 trabalhadores sendo resgatados em fazendas, garimpos e outras atividades. Já o número de pessoas resgatadas nas cidades é de 272.
Lista suja
A “lista suja” do trabalho escravo foi divulgada pelo governo na terça-feira (5). Nela, é possível ter acesso a nomes de empresários e donos de terras que respondem na justiça sobre a prática criminosa. Para conferir a lista clique aqui.
A cada seis meses a relação dos nomes é atualizada. Foram incluídos 13 nomes, sendo sete de pessoas físicas e seis jurídicas. E excluídos 27, que ultrapassaram o prazo legal de dois anos na publicação.
Governo Bolsonaro
Durante todo seu mandato, Jair Bolsonaro tem tentado minimizar a gravidade dos casos de trabalho escravo. Por mais de uma ocasião, o presidente defendeu que a lei fosse alterada pois estaria rígida demais com os grandes fazendeiros.
O posicionamento do ex-capitão do exército visa defender apenas os interesses do agronegócio, um dos pilares de seu governo. Enquanto isso, centenas são resgatados todos os meses de trabalho degradantes.
“A partir do avanço do agronegócio no Brasil as relações no campo estão precarizadas. A aprovação da reforma trabalhista e da lei de terceirização levaram ao campo brasileiro condições sub-humanas de trabalho. A informalidade cresce a partir do sucateamento dos mecanismos de fiscalização do antigo Ministério do Trabalho. Todas essas condições trazem grandes lucros para o agronegócio e empresas transnacionais. O Brasil se transforma em um país de commodities, exportando bens primários para o exterior e garantindo maior exploração para os trabalhadores”, afirma Waldemir Soares, do Setorial do Campo da CSP-Conlutas.
Via: CSP-Conlutas.