Após as enchentes provocadas pelas chuvas na região, a Universidade Estadual de Santa Cruz tem servido como abrigo para um grupo de famílias do Salobrinho, que perderam suas casas. São 22 pessoas acolhidas pela instituição desde o dia 26 de dezembro. Homens, mulheres, idosos e crianças utilizam as dependências do Hospital Veterinário, como salas de aula, banheiros e cozinha.
Os mantimentos tem sido arrecadados pela Rede UESC Solidária, que mantém o local abastecido de alimentos, produtos de higiene e limpeza, além das doações de colchões, travesseiros, cobertores e roupas.
“Não tem faltado nada pra gente. Estamos sendo bem cuidados, estão fazendo de tudo pra nos ajudar. Só temos a agradecer”, disse Maurício, um dos abrigados na UESC.
Morador da Rua Beira-Rio, no Salobrinho, Maurício está sem casa desde o dia 24:
“Foi um dia muito complicado. O rio transbordou, a água passou da altura do teto e não foi possível aproveitar nada. Estamos aqui porque necessitamos e o pessoal da UESC têm dado todo o apoio”, disse.
Para o professor Luiz Blume, 3º Secretário do ANDES-SN, acolher a população em uma situação de calamidade como essa é papel fundamental da universidade pública:
“Nós do ANDES-SN, assim como a ADUSC, defendemos um projeto de universidade que seja pública, gratuita, laica e socialmente referenciada. Isso significa que a universidade deve estar aberta à sociedade e aos movimentos sociais. A UESC não poderia ficar fechada a esse dilema de catástrofe anunciada. Digo anunciada porque essas populações moram em locais ausentes de políticas públicas e mais sensíveis a tragédias”, afirmou.
O docente também falou sobre os impactos que a presença das famílias pode causar na rotina da universidade:
“Os nossos colegas professores e servidores técnicos devem compreender que este momento é emergencial. As pessoas acolhidas aqui não vão morar na universidade. Elas não ocuparam a UESC, elas foram chamadas. Foi uma palavra do reitor e esse é o papel da universidade”, destacou.
Em contato com a ADUSC, o Reitor Alessandro Fernandes afirmou que as famílias permanecerão abrigadas na UESC, ao menos até que seja definido um novo local.
“No segundo momento, claro, a UESC deve contribuir na construção de políticas públicas para a realocação dessas pessoas. Elas têm direitos e devem ser tratadas como cidadãs”, concluiu o professor Luiz Blume.
Sobre o futuro, Maurício, que hoje atua como pedreiro e tem uma filha de três anos, pontua que resta esperar as ações do poder público:
“Estamos aguardando alguma providência da prefeitura e do governo estadual, pra que possamos retomar a nossa vida. Há promessas de que vamos receber pelo menos o básico para recomeçar”.
Para colaborar com as famílias atingidas pelas chuvas, você pode doar alimentos e produtos na sala da ADUSC ou, se preferir, fazer uma transferência para a UESC Solidária, através do pix abaixo:
Chave (telefone): 7398824-9975
Rafael Bertoldo dos Santos