Maior vilão do ano de 2021, o monstro do empobrecimento dá sinais de que continuará a aterrorizar as famílias de trabalhadores brasileiros neste ano. Alimentando-se dos baixos salários, desemprego, inflação nas alturas e crise econômica, esta criatura não para de crescer e está deixando marcas históricas na população.

É fato, o salário não chega até o fim do mês. O rendimento médio no país encerrou o ano passado em R$ 2. 444, o menor índice da série histórica, iniciada em 2012. Isso significa que o trabalhador recebe por mês pouco mais de dois salários mínimos (R$ 1.100), em média. Isto é duas vezes menos do que era pago em 2012.

A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada na sexta-feira (28), revelou a gravidade corrosão do salário no Brasil. Nove anos atrás, quando o salário mínimo do país estava em R$ 622, os trabalhadores empregados ganhavam em média R$ 2.492 por mês, quatro vezes mais que o piso.

Todo esse cenário fica ainda mais caótico se levarmos em conta as reais necessidades das famílias que estão garantidas na constituição (moradia, lazer, educação, etc). De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), para uma família de quatro pessoas o salário mínimo deveria ser de R$ 6 mil.

Para 2022, o salário mínimo foi ajustado sem ganho real em R$ 1.210. A valor é cinco vezes menos do que o sugerido pelo Dieese para garantir os direitos constitucionais das famílias brasileiras. O efeito prático desta enorme defasagem são pessoas vivendo muito pior e tendo de trabalhar cada vez mais para arcar com o básico.

O Brasil detém hoje o posto de pior salário mínimo entre os 38 países que integram a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Na América do Sul, o valor pago aqui fica atrás de todos os países, exceto a Venezuela. Mesmo economias debilitadas como Bolívia e Paraguai pagam melhor suas populações.

Além disso, desde 2012, a inflação (IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou uma alta de mais de 74%. Na prática, isso quer dizer que o preço de tudo que é importante para a população quase dobrou. No sentido inverso, temos a queda livre no poder de compra.

Menores salários

Uma parcela importante no processo de empobrecimento do brasileiro está nos salários pagos atualmente aos trabalhadores com carteira assinada. Embora estejam em vantagem frente à massa de informais que domina o mercado de trabalho, o contrato pela CLT sofre os efeitos da reforma trabalhista (2017) e demais ataques dos governos.

Além disso, segundo o boletim Salariômetro divulgado na última semana pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Em média, os trabalhadores formais estão há pelo menos três anos sem aumento real, ou seja, desde 2019, o brasileiro não recebe um reajuste superior à inflação.

Se os salários estão praticamente congelados, o mesmo ocorre com o vale-refeição e vale-alimentação. Se os benefícios variaram até 1,8%, a inflação dos alimentos INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumifor) fechou 2021 em quase 8%. No entanto, alguns item básicos como arroz (39,8%), feijão (23,48%) e leite (34%) aumentaram bem mais.

Informais

A este cenário de diminuição de renda deve se somar a parcela de trabalhadores informais A pesquisa do IBGE também mostrou que o número dos que trabalham por conta própria segue aumentando no Brasil.

A alta foi de 2,3% em novembro, chegando a um número de 25,8 milhões de pessoas. O percentual de trabalhadores domésticos cresceu 6%, atingindo o patamar de 5,6 milhões de pessoas.

Enfrentamento

A CSP-Conlutas defende que os trabalhadores devem ser protagonistas da luta para mudar esta situação. Além disso, é fundamental que ela ocorra imediatamente e que não espere até as eleições ou qualquer promessa de mudança através do voto. É preciso organizar uma greve geral que derrube Bolsonaro e implemente uma série de mudanças em prol do mais pobres.

“Os trabalhadores brasileiros precisam enfrentar esse cenário da carestia e junto com isso a gente tem que combinar uma luta por um grande plano de obras públicas para a geração de emprego. É o povo mais pobre que mais uma vez está pagando o preço disso vai ser nas lutas nas mobilizações que a gente que vai ter que pôr a pauta da nossa classe”, afirma Atnágoras Lopes da Executiva Nacional da CSP-COnlutas.

“É preciso o congelamento dos alimentos, combustíveis e gás de cozinha imediatamente. Ao mesmo tempo temos de lutar pelo aumento de salários e pela geração de emprego. Para isso é necessário ter independência de classe e não depositar esperanças de que isso se resolve através do voto. Esse é o grande desafio que nós temos. Inclusive temos que exigir isso da cúpula dirigente das centrais sindicais que estão submetendo as lutas apenas ao calendário eleitoral. A fome não pode esperar”, conclui.

Via: CSP-Conlutas.