A luta por memória, verdade, justiça e reparação pelos crimes da ditadura empresarial-militar (1964-1985) tem se intensificado no ANDES-SN. Durante o 43º Congresso do Sindicato Nacional, em janeiro de 2025, professoras e professores deliberaram por uma série de ações voltadas à justiça histórica. Entre as iniciativas, está a revogação de homenagens a figuras apoiadoras do regime, nas instituições de ensino.
Atualmente, diversos auditórios, pavilhões e campi universitários no Brasil ainda levam nomes de pessoas vinculadas aos governos instaurados após o golpe de 1964. A proposta é que essas denominações sejam revistas, como forma de reconhecer as violações ocorridas e reparar simbolicamente os danos causados a milhares de pessoas perseguidas, presas, torturadas, mortas ou exiladas pelo regime.
Recentemente, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) atendeu às manifestações da comunidade acadêmica e aprovou a alteração do nome do campus, que homenageia o ex-reitor João David Ferreira Lima, envolvido em práticas de espionagem, censura, repressão e controle ideológico durante o período da ditadura, segundo a Comissão Memória e Verdade (CMV-UFSC).
Na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), o tema foi trazido para debate pelo professor Luiz Blume, coordenador da Comissão da Verdade do ANDES-SN, durante assembleia da ADUSC, no dia 5 de junho.

“Precisamos discutir a desomenagem ao nome do campus e todas as honrarias que Soane Nazaré de Andrade recebeu, tendo em vista que ele foi um dos articulares civis do golpe, defensor do início ao fim da ditadura, inclusive com participação no gabinete do Ministro das Comunicações no ano do AI-5, chegando a ser chefe do gabinete em 1969. Além de ações localmente contra estudantes da antiga FESPI, acionando até a Polícia Federal. Por isso, é importante que a ADUSC faça estudos para apresentar uma moção de retirada do nome Soane Nazaré de Andrade do campus e todas as suas homenagens”, disse.

Como encaminhamento, Blume propôs a ativação do Grupo de Trabalho História do Movimento Docente (GTHMD), com o objetivo de aprofundar o debate e construir ações locais sobre o assunto.
Docentes interessados em compor o GT devem entrar em contato com a ADUSC. A participação da comunidade acadêmica é fundamental para refletir sobre o período da ditadura e os impactos que ele ainda projeta sobre as universidades e a sociedade brasileira.