O ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, não aguentou uma semana no cargo após a divulgação do áudio pelo jornal Folha de S.Paulo, que revelou um esquema de tráfico de influência e corrupção no Ministério. Nesta segunda-feira (28), acuado diante da crise política desencadeada no governo, Ribeiro pediu a exoneração do cargo.
O áudio divulgado é de uma reunião em que Ribeiro disse que, a pedido de Bolsonaro, dois pastores evangélicos, Gilmar Santos e Arilton Moura, deveriam ser privilegiados na distribuição de verbas do MEC. Eles não têm cargo no governo, mas participaram de várias reuniões com autoridades nos últimos anos, formando um gabinete “paralelo”.
Os pastores “lobistas” intermediavam o repasse de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento à Educação) junto às prefeituras.
Depois da divulgação do áudio, pelo menos dez prefeitos denunciaram que os pastores pediram propina nas negociações.
Na carta entregue, Milton Ribeiro admite que deixa o cargo em razão das denúncias, apesar de seguir tentando negar o esquema descrito no próprio áudio.
“Boto a cara no fogo por Milton”, disse Bolsonaro
“Eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Uma covardia o que estão fazendo”, disse hipocritamente Bolsonaro, na sua live semanal, na última quinta-feira (24).
Porém, a pressão, inclusive de parte da bancada evangélica incomodada com a repercussão negativa do cargo, deixou Bolsonaro sem saída. E sua fala virou meme nas redes sociais esta semana.
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o ministro. A medida foi autorizada pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia que também pediu que a PGR (Procuradoria-Geral da República) também se pronunciasse sobre Bolsonaro, citado no áudio por Milton Ribeiro.
4° ministro a cair
Milton Ribeiro é o quarto ministro da Educação do governo de Bolsonaro a cair, após 20 meses no comando da Pasta. Seu antecessor, Carlos Decotelli, ficou apenas cinco dias após ser anunciado, e saiu após virem à tona denúncias de irregularidades em seu currículo.
O segundo ministro do MEC foi Abraham Weintraub que ficou pouco mais de um ano no cargo e também saiu após atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e ser incluído no inquérito das fake news.
Por fim, o primeiro a cair foi Ricardo Vélez Rodrigues, em abril de 2019, também após um início de gestão polêmica e ineficiente na Pasta da Educação.
Fora Bolsonaro e Mourão, já!
O fato é que Bolsonaro, como sempre, preferiu entregar a cabeça de Milton Ribeiro do que ver seu nome ainda mais vinculado ao esquema de tráfico de influência e corrupção.
A Educação vem sendo destruída pelo governo de Bolsonaro e a dança das cadeiras no comando do Ministério é apenas uma demonstração disso. Mas o que temos é uma gestão temerária, com falta de recursos, negacionismo, intervenções, incompetência e vários ataques à Educação pública, laica e de qualidade.
O áudio vazado pela imprensa revela que Bolsonaro é que é o mandato desse esquema no MEC. Portanto, não basta cair Milton Ribeiro. É preciso por para fora Bolsonaro e Mourão, já, porque essa é a necessidade dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Via: CSP-Conlutas.