Um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgado nesta terça-feira (7), sobre as condições de trabalho de profissionais da área da saúde, sobretudo, enfermeiras (os), apontou o Brasil como um dos países que não tem dado assistência básica para esses profissionais.
A pesquisa intitulada “O estado da enfermagem no mundo 2020” aponta os problemas do país na garantia de direitos deste segmento, sobretudo, neste momento de pandemia do coronavírus em que esses trabalhadores precisam ser mais valorizados e protegidos.
No quesito condições de trabalho de enfermeiros, a pesquisa aponta que em uma escala mundial de 1 a 6, o Brasil recebeu nota 2. O estudo levou em conta horas, planos de carreira, direitos trabalhistas e medidas de proteção.
O Brasil tem dois milhões de enfermeiras (os), o que representa 100 enfermeiros para cada 10 mil, e se equipara a países considerados de primeiro mundo, como a Suíça. Ainda assim, o país, tem desafios quando se trata de direitos básicos para esses profissionais.
Essa categoria tem amargado anos de péssimos salários, extensas horas de trabalho e perda de direitos. A má distribuição desses trabalhadores pelo país e não a valorização desses deste segmento apontam a necessidade de os governos implementarem políticas voltadas para a valorização do SUS (Sistema Único de Saúde).
Diante da pandemia que o mundo está enfrentando, os trabalhadores da saúde estão à frente no combate ao Covid-19, por isso é preciso que governos atuem para que essa categoria consiga trabalhar com efetividade, sem adoecer e em condições de trabalho dignas.
Falta de EPI e proteção básica
Entre os itens necessários e básicos estão os Equipamentos de Proteção que estão em falta no país inteiro. O Ministério da Saúde distribuiu 40 milhões de EPIs (Equipamentos de Proteção) aos estados, mas já deu declarações de que está sem estoque. O ministro Luiz Henrique Mandetta, alega que uma compra pelos Estados Unidos fez com que empresas chinesas cancelassem encomenda brasileira de uma segunda leva desses equipamentos.
A falta desses equipamentos está fazendo com que profissionais estejam obtendo-os por meio de compra do próprio bolso, de acordo com matéria veiculada no site UOL, por medo de se contaminar, assim como a seus familiares.
“Infelizmente isso é uma dura realidade para os que estão na linha de frente salvando as vidas das pessoas diante de tantas condições desfavoráveis, como falta de EPIs adequados, falta de condições dignas de trabalho, sem implantação de insalubridade, e salários baixíssimos. São anos de sucateamento proposital dos governos à saúde pública, o que reflete diretamente na desvalorização dos trabalhadores da saúde. Precisamos de união e muita luta para continuamos salvando vidas, mas que isso não custe a nossa própria vida”, aponta a técnica em enfermagem Erica Patrícia Galvão, que trabalha no Hospital Municipal de Natal (RN).
No Rio Grande do Norte, 37% das pessoas infectadas são de trabalhadores da saúde, informa o Ministério da Saúde do estado.
Erica alerta ainda que a recente pesquisa só aponta um problema que vem se aprofundando e que os governos não tem destinado a devida atenção. Milhares de medidas foram aprovadas no Congresso Nacional que vão ao encontro do desmonte do SUS e da retirada de direitos de trabalhadores da Saúde. Entre eles a ampliação da terceirização, a não realização de concursos públicos, a privatização do sistema, a PEC (Projeto de Emenda Constitucional) do Teto dos Gastos, que limita verba do estado para os serviços públicos.
A Central sempre defendeu a importância da defesa do SUS, assim como dos trabalhadores e servidores da saúde. A CSP-Conlutas lançou ainda uma série de medidas de proteção do SUS e valorização dos trabalhadores da saúde.
Confira aqui: Coronavírus: Medidas em defesa da saúde
Via: CSP-Conlutas.