Especial Mês das Mulheres

A luta sindical tem sido historicamente marcada por desafios relacionados à desigualdade de gênero. No caso da Associação de Docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz (ADUSC), as mulheres sempre tiveram presença ativa, mas enfrentaram barreiras para ocupar posições de liderança.

A participação feminina é dificultada por diversos fatores estruturais. A maioria das mulheres enfrenta uma múltipla jornada de trabalho, acumulando responsabilidades profissionais, domésticas e familiares. Essa sobrecarga limita a inserção das docentes em espaços políticos, que historicamente são liderados por homens.

Para a professora Camila Gusmão, vice-presidenta da ADUSC, essa realidade impacta diretamente a atuação das docentes no movimento sindical:

“As mulheres precisam dedicar mais tempo a essas tarefas domésticas, afetando sua rotina de trabalho, sua produção acadêmica. E essa é uma discussão invisibilizada porque essas docentes não têm tempo nem condições objetivas para participar dos espaços políticos da categoria”.

Professora Raimunda Assis, durante a primeira eleição da ADUSC, em 1994.

O movimento docente da UESC tem um histórico significativo de participação feminina. A Associação dos Professores Universitários de Ilhéus e Itabuna (APRUNI), que antecedeu a ADUSC, teve como presidenta a professora Raimunda Assis, entre 1992 e 1993. A gestão liderada pela docente foi responsável pela condução do processo de criação da ADUSC, fundada em assembleia histórica no dia 26 de outubro de 1993.

Desde então, 15 diretorias foram eleitas, envolvendo 67 docentes em cargos de gestão. Desses, 35 foram homens e 32 mulheres. Apesar desse aparente equilíbrio, o levantamento revela um cenário desigual: entre 16 presidentes, apenas duas foram mulheres. Moema Cartibani, então vice, assumiu em 1997, após a saída de Décio Tosta Santana, e Maria Aparecida Aguiar foi eleita para a gestão 2004-2006.

Os números evidenciam que as mulheres sempre ocuparam espaço na ADUSC, mas raramente em posições de liderança. O cenário reflete a realidade mais ampla da sociedade, em que a sobrecarga das mulheres são desafios persistentes. Fortalecer a presença feminina no movimento sindical é um passo essencial para a construção de uma representação mais equitativa e democrática na luta por direitos.