Como é tradição dos trabalhadores dos Correios, na próxima segunda-feira (17), assembleias em todo o país vão deliberar sobre o início da greve nacional da categoria. A mobilização unificada irá envolver os 36 sindicatos e federações do setor e tem previsão para iniciar já a partir das 22h nos setores que funcionam com terceiro turno.
A paralisação nacional é a resposta ao impasse nas negociações da Campanha Salarial e dos planos de privatização do governo Bolsonaro, que ameaçam não só os direitos, salários e empregos dos (as) ecetistas, mas também a própria existência da estatal.
Não há proposta de reajuste salarial, sequer da reposição da inflação e, das 79 cláusulas existentes no Acordo Coletivo, o presidente da estatal general Floriano Peixoto quer acabar com 70. É uma verdadeira destruição dos direitos da categoria. Até mesmo o vale alimentação foi retirado, assim como auxílio-creche, licença maternidade de 180 dias, ticket nas férias, o adicional de distribuição e coleta externa de 30%, entre vários outros. Benefícios essenciais para a categoria que recebe um dos salários mais baixos das estatais, que não chega a dois salários mínimos.
Foram mais de dois meses de tentativas de negociação, mas que esbarraram na política intransigente do general e do governo Bolsonaro, determinado a acabar com os direitos dos trabalhadores e privatizar os Correios. Desmentindo o falso argumento da direção da empresa e do governo de que o brutal corte de direitos é necessário para a “saúde financeira” dos Correios, os sindicatos revelam que no último ano foi registrado um lucro de mais de R$ 160 milhões, enquanto a categoria amarga redução do quadro de funcionários, sobrecarga de serviços e precarização das condições de trabalho.
Categoria essencial, mas desvalorizada
Os trabalhadores dos Correios atuam em um serviço essencial em meio à atual pandemia e durante os últimos meses seguiram cumprindo com seu trabalho, apesar de sofrer com o descaso da direção da empresa e do governo Bolsonaro para cumprir esse papel.
É uma das categorias mais afetadas pela pandemia. Levantamento dos 36 sindicatos aponta para, pelo menos, 120 mortes de trabalhadores dos Correios pela Covid-19. Ao mesmo tempo, sob o comando do general Floriano Peixoto, um negacionista assim como Bolsonaro, as agências pelo país sequer máscaras e álcool em gel disponibilizam aos funcionários, que também tiveram de realizar greves sanitárias para garantir este direito básico.
Objetivo é a privatização
Os sindicatos da categoria destacam que a defesa da manutenção do Acordo Coletivo se insere numa luta ainda maior que é contra a privatização e a destruição da estatal, que é o objetivo do governo Bolsonaro que já declarou que os Correios são uma das primeiras das 17 estatais que serão entregues ao setor privado em curto prazo.
Nos últimos anos, a empresa vem sendo alvo do desmonte dos governos que avançaram na entrega fatiada e terceirização dos serviços prestados pelos Correios ao setor privado e agora Bolsonaro quer colocar a pá de cal na estatal e privatizá-la totalmente. Como sempre, em base a uma campanha mentirosa e de fake news.
A categoria, há oito anos, era composta por 128 mil ecetistas, hoje, atua com apenas 99 mil trabalhadores, após uma série de PDVs (Plano de Demissão Voluntária).
A propaganda de venda total da ECT é feita com argumento de que daria mais agilidade nas entregas e que a ampliação de empresas do ramo aumentaria a concorrência, barateando as postagens. Mais uma mentira.
“Atualmente, a empresa concorrente usa inclusive os Correios para entregar as suas encomendas mais distantes porque não tem uma malha que atinja todo o país, assim como o comércio de venda pela internet. Portanto, eles cobram mais caro ao cliente, postam nos Correios e ainda têm lucros”, explica o dirigente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Geraldinho Rodrigues.
“Os Correios como estatal está em 5.570 municípios, levando integração e cidadania a milhões de brasileiros, e em muitas cidades funciona como a única alternativa para fazer pagamentos dos aposentados. Nas mãos do setor privado, o que iremos assistir é a extinção de serviço, aumento de tarifas e exclusão do atendimento social e para o povo pobre”, afirmou.
“Diante de todos os ataques, a greve nacional unificada prevista para ter início nesta segunda-feira será fundamental. Não só para garantir direitos mínimos, mas para a defesa de que os Correios sigam como empresa pública e seja colocada sob o controle dos trabalhadores, para que tenha uma atuação voltada aos interesses do povo brasileiro”, defendeu Geraldinho.
Para o dirigente, a unidade entre todos os sindicatos da categoria, bem como com trabalhadores de outros setores que também estão na mira dos ataques de Bolsonaro também é uma tarefa do movimento. “Precisamos derrotar e por para fora Bolsonaro, Mourão, Floriano Peixoto e toda a corja deste governo lesa-pátria e inimigo dos trabalhadores”, concluiu.
Via: CSP-Conlutas.