A pandemia de Covid-19 atingiu a assustadora marca de 5 mil mortes e 71.886 casos no país, ultrapassando os dados oficiais de óbitos informados pela China, que é de 4.643 mortes. Somente nas últimas 24 horas, conforme informado pelo Ministério da Saúde, no dia de ontem (28), 474 pessoas foram mortas pelo coronavírus. Somos o 10° país no mundo com o maior registro de mortes pela doença.
Ainda de acordo com dados oficiais, ao menos 34.325 pacientes estão em acompanhamento e 32.544 já se recuperaram. 1.156 óbitos seguem em investigação. Contudo, há consenso entre especialistas e integrantes do próprio Ministério da Saúde que os dados podem ser até 15 vezes maiores, em razão da subnotificação. Ou seja, a situação é ainda mais triste e grave do que revelam estes dados oficiais.
Há ainda outro agravante: o país sequer chegou ao chamado pico no número de casos, o que é previsto para iniciar em duas semanas.
No mundo, já são mais de 3 milhões de casos, sendo 217 mil mortes. Só os Estados Unidos já ultrapassaram 1 milhão de casos e 57 mil mortes.
Descaso e irresponsabilidade de Bolsonaro e governos
Enquanto os números crescem exponencialmente e cenas dramáticas são vistas por todo o país, como o caos instalado em Manaus (AM), o colapso no atendimento dos hospitais, as péssimas condições de trabalho dos profissionais da saúde, a abertura de covas coletivas e o desespero de famílias sem condições de cuidar e até enterrar entes queridos, o governo Bolsonaro e Mourão segue agindo de forma criminosa.
Questionado por um repórter em frente ao Palácio da Alvorada no final do dia sobre o número de mortes pela pandemia, Bolsonarou disparou: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, ironizou.
A resposta de Bolsonaro, além de mostrar um profundo desprezo pela dor de milhares de famílias que perderam – e vão perder – pessoas, reafirma a política criminosa que o governo vem pondo em prática.
Bolsonaro, que desde o início trata com descaso a gravidade da pandemia, defende abertamente o fim das medidas de isolamento social para permitir a liberação de todas as atividades econômicas, mesmo indo contra as orientações de médicos e autoridades sanitárias de todo o mundo.
Governos estaduais, como Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Brasília, Rondônia e Roraima, também já flexibilizaram medidas de distanciamento social e quarentena.
O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, semanas depois de ter assumido, segue declarando que a meta do governo é definir regras para o fim do isolamento, enquanto a crise se agrava em todo o país e o Ministério da Saúde está quase paralisado.
“Sem que o governo Bolsonaro e vários governos locais nos estados e municípios tenham uma posição firme e clara a favor do isolamento social, com medidas e políticas públicas para garantir as condições de sustento para que a população possa ficar em casa, o movimento nas ruas e aglomerações aumentou nas últimas semanas, o que agrava ainda mais a crise sanitária que já estamos vivendo e vamos viver de forma ainda mais dramática nas próximas semanas”, avalia a integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes.
“Bolsonaro pergunta o que fazer. Como presidente, seu governo deveria fazer a única coisa que se exige neste momento. Deveria destinar os recursos do país para garantir empregos e renda para que os trabalhadores possam ficar em casa e proteger suas vidas, para que os pequenos proprietários possam manter os empregos durante a quarentena, proteger a vida dos trabalhadores da saúde na linha de frente no combate à pandemia. Como já afirmamos, dinheiro tem, basta parar desviar dinheiro do Orçamento para a Dívida Publica e parar de dar dinheiro pra banqueiros”, afirmou a dirigente.
“Para enfrentar a pandemia é preciso uma política em defesa da vida, dos empregos, e não de morte e destruição de direitos como tem feito o governo. Por isso, a luta contra o coronavírus e para enfrentar a crise econômica no Brasil passa pela luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Precisamos derrotar este governo genocida e de ultradireita e construir uma alternativa dos trabalhadores e mais pobres no poder”, concluiu Rosália.
No total, as mortes em decorrência do coronavírus confirmadas em cada estado são:
Acre (16); Alagoas (36), Amapá (26); Amazonas (351); Bahia (86); Ceará (403); Distrito Federal (28); Espírito Santo (64); Goiás (27); Maranhão (145); Mato Grosso (11); Mato Grosso do Sul (9); Minas Gerais (71); Pará (129); Paraná (77); Paraíba (53); Pernambuco (508); Piauí (21); Rio Grande do Norte (48); Rio Grande do Sul (42); Rio de Janeiro (738); Rondônia (11); Roraima (6); Santa Catarina (44); São Paulo (2.049); Sergipe (11); Tocantins (2).
Via: CSP-Conlutas.